letícia,
é com surpresa e alegria que eu recebo notícias suas. e também acho que é uma coincidência muito grande você me contar tudo isso na mesmíssima semana que várias coisinhas aconteceram, e me lembraram de você: achei o telefone da sua casa na minha agenda, uns desenhos antigos do pessoal enfileiradinho, e um email lindo sobre amizades femininas.
aliás, você faz parte de uma lembrança muito querida da minha vida, de um tempo muito especial. você mesma é uma pessoa muito especial, que o tempo foi apagando do meu caminho. mas o carinho que eu tenho pelas nossas histórias, e pelas lembranças daquela época é o mesmo carinho de sempre.
a garrafa verde mora no armário da televisão, bem no meio da sala, e todo mundo que vem em casa e pergunta da garrafa, questiona sobre o rolinho de papel dentro dela, dá um jeito de abrir, ler e ficar admirado com a engenharia do presente que recebi, e o cuidado da sua caligrafia. os comentários são sempre os mesmos: "nossa, esse pessoal te adorava mesmo", "nossa, essa menina é foda de caligrafia"... a garrafa mata todo mundo de inveja!
e sobre todo o desabafo, a verdade é que eu nem me lembro direito porque a gente não se fala mais, e muito menos me lembro das coisas ruins que você me falou e que, numa época láááááá longe, talvez tenham me magoado. e eu tenho um pouco de vergonha de admitir isso, mas como havia dito, é a verdade, e eu realmente não penso sobre isso. sobrou só o vazio, e o vazio é pior que raiva quando você se dá conta de que antes do vazio havia cumplicidade. vai ficando oco dentro da gente.
mas essas coisas acontecem, e a gente não deve se remoer por causa disso. escolhas são feitas, a vida segue, de vez em quando a gente se arrepende, de vez em quando não. não acho que você tenha feito nada de tão ruim, nem de imperdoável... é só a vida. e viver não deve doer tanto.
até na música do charlie brown jr fala "cada escolha, uma renúncia, isso é a vida". e olha que eu nem gosto de charlie brown, mas toda vez que eu quero ser engraçada diante de um dilema desses, eu repito a frase da música. e como pouca gente que eu conheço gosta de charlie brown, assim como eu, pouca gente também sabe que a frase é da música, e eu me passo por sábia. vê se pode uma coisa dessas.
dito isso, claro que aceito suas desculpas e aproveito para me desculpar também, por não falar com você. o querido sempre me belisca e me dá bronca quando eu faço essas coisas. a propósito, ele gosta muito de você.
como dizem, eu tenho muitos assuntos mal resolvidos, comigo mesma e com os outros. não sou nada disso de tão legal que você disse a meu respeito, mas sempre me esforço para ser um poquinho melhor. vai que o céu existe, e deus descobre que eu não me comportei?
e quando eu te vir de novo, não prometo um reencontro de cinema, daquela coisa emocionante que a gente chora de soluçar e tudo mais, mas vou tentar ser mais legal, e abrir um sorriso honesto, amarelo mas honesto. e a partir daí as coisas vão melhorando.
esse negócio de amolecer o coração faz muito sentido quando se trata de mim, porque é mesmo outra verdade isso de que eu tenho coração de pedra. não porque eu queira, ou me orgulhe, mas acabei ficando assim, ou já nasci assim, não me importo mais.
e este blog, que eu acho que foi onde você me encontrou (certo?) é justamente o meu presente para aqueles que gostam de mim, mas não entendem as loucuras que eu falo. para quem já não me encontra mais, e por algum motivo estranho tem saudades de mim.
e principalmente: é o meu presente para as pessoas de quem eu gosto muito, mas não consigo demonstrar assim, ao vivo e a cores. daí eu vou escrevendo, edito, ilustro, reedito, apago. então pareço foda no que faço, mas no caso, é só o fenômeno de poder voltar atrás e melhorar o que já está pronto. coisa que na vida... mmm... na vida fica mais complicado de se fazer. (mas não impossível, dada a prova dessa nossa conversa, que eu abri sem nem pedir sua autorização.)
é um presente para você também, minha amiga-querida-que-se-perdeu-da-minha-história-por-qualquer-razão-que-não-importa-mais. então, se tiver saudade de mim, passa aqui, venha me ler. porque o que eu escrevo é para você também.
sábado, 4 de outubro de 2008
re: melhor escrever agora
Postado por AT às 15:41
Marcadores: jardim de palavras, o tamanho da loucura
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2 comentários:
Pooooooooxa, eu vi a Leticia esses dias no 'Dompas' (haha, adoro esse nome que os esquisitinhos do Orkut deram pro shopping), até esqueci de comentar. Mas tava longe tb, e nem consegui falar oi.
(É a Leticia do Cotuca, não?!)
Será que algum dia eu vou ser merecedora de um posto tb?
Já foi a Paula, a Leticia...aiai, vou esperar a minha vez, tá bom.
:)
Beijuuu
faz muito tempo que eu não a vejo, bia... antigamente a gente vivia se esbarrando no dompas (???)
claro q vc merece uma postagem! logo logo vou escrever pra vc!
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